É sobre a peixeira que perde o pescador; ou seja, sobre a mulher que perde o amante mas não consegue perder o amor.
Monday, 12 December 2011
Barco negro
É sobre a peixeira que perde o pescador; ou seja, sobre a mulher que perde o amante mas não consegue perder o amor.
Saturday, 3 December 2011
Manoel
Friday, 2 December 2011
Saturday, 26 November 2011
Wednesday, 2 November 2011
Got a devil' s haircut in my mind
Sunday, 30 October 2011
Com atraso
And every time he kisses you it leaves behind the bitter taste of saccharine. Uma das acusações mais geniais da pop platónica.
Saturday, 29 October 2011
Thursday, 27 October 2011
Gaiety
There struts Hamlet, there is Lear,
That's Ophelia, that Cordelia;
Yet they, should the last scene be there,
The great stage curtain about to drop,
If worthy their prominent part in the play,
Do not break up their lines to weep.
They know that Hamlet and Lear are gay;
Gaiety transfiguring all that dread.
All men have aimed at, found and lost;
Black out; Heaven blazing into the head:
Tragedy wrought to its uttermost.
Though Hamlet rambles and Lear rages,
And all the drop-scenes drop at once
Upon a hundred thousand stages,
It cannot grow by an inch or an ounce.
Do Lapis Lazuli
Sunday, 23 October 2011
A verdade será o teu dote
Ford M. Brown, Cordelia's portion, coisa pré-rafaelita
Monday, 26 September 2011
A falácia do conservadorismo
O Miguel Sousa Tavares está, na SIC, a defender as touradas, digo, está a atirar-se àqueles que são contra as touradas - gente que diz ser, basicamente, ignorante. Como primeiro argumento, esgrime Miguel que os pintores espanhóis sempre pintaram touradas, e que os anti-touradas deviam questionar-se porquê. Não sei o que responderia Picasso, talvez o Woody Allen saiba, ou aquela senhora que fala com os se foram. A seguir remata com a velha questão pragmática de justificar, não os meios pelos fins, mas os fins pelos começos: como as touradas são a única motivação para criar touros, se terminam as primeiras, acabam-se os últimos. O mesmo, diz ele, aconteceria com a proibição da caça. Esta falácia, de justificar o fim pelo começo, é também a que está nas cabeças que dizem que tornar despedimentos mais baratos e fáceis é política que levará a melhor e mais emprego.
Saturday, 24 September 2011
O que hoje penso de Woody Allen
Sunday, 18 September 2011
Economia necessariamente política
Saturday, 27 August 2011
Friday, 26 August 2011
Têm a certeza que não querem mais dinheiro?
Desde pelo menos a primeira guerra mundial, onde os proletários dos vários países tomaram armas para se combaterem entre si e não as classes com que se confrontavam no processo produtivo, que a esquerda enfrenta e procura explicar o porquê de nem sempre aqueles por quem se diz bater estarem do seu lado.
Parece-me, no entanto, uma deliciosa novidade esta de os ricos dos outros países ultrapassarem a retórica neoliberal portuguesa pela esquerda, e forçarem, a muito contragosto, o nosso governo a aceitar discutir a imposição de um imposto à riqueza. É preciso lembrar que esta coligação ganhou as eleições sob um entendimento muito particular de que, se aos empresários fosse entregue mais dinheiro, estes iriam poder gerar mais emprego e fazer a economia crescer. Este entendimento é aquele que está na base da proposta de descida significativa na TSU, mas também na redistribuição agressiva de rendimento dos mais pobres para os mais ricos que este governo tem levado a cabo desde que tomou posse - mesmo que, ressalva seja feita, esta última não tenha sido acompanhada por um discurso que explicite a crença de que dar dinheiro aos mais ricos é bom para a economia, ficando assim a ideia de que talvez até já se aceite tratar-se apenas de uma preferência ideológica. Ora agora são os próprios ricos a dizer que a solução para a crise não passa por terem mais, mas sim menos dinheiro. É delicioso, a sério. Imagino muito economista académico com dificuldades em desenhar os exames para a época especial de Setembro, mas a parte mais deliciosa é mesmo a de imaginar os assessores do Álvaro à nora.
Tuesday, 9 August 2011
Londres
No entanto, esses opinadores não podem propriamente defender que a geografia não tem importância para a avaliação moral do problema, simplesmente por estarmos perante uma apropriação indevida de bens privados e/ou de violência "irracional": certamente, levarei esses opinadores a concordar que a avaliação moral da apropriação de bens privados e violência "irracional" deverá ser devidamente contextualizada numa narrativa que se situe numa dada geografia e num dado período histórico. O que dizer, por exemplo, da apropriação e violência do expansionismo ultramarino português no sec. XV, ou da apropriação de terras nas enclosures do sec. XVIII, e subsequente desenraizamento dos camponeses que as trabalhavam e que passaram a engrossar as fileiras de mão-de-obra barata nas fábricas, ou da ocupação particularmente violenta por parte de um povo sem terra – Israel - de uma terra que já tinha já um povo? Certamente, será necessário contextualizar e incluir uma referência específica a um local e a um período. Pois bem. O local são alguns subúrbios londrinos.
Ora eu, que não sei explicar o que está a acontecer, pelo menos sei o que está a acontecer: são fenómenos de violência que acontecem nos subúrbios londrinos (e noutras cidades, mas eu nunca lá vivi, em muitas delas nem sequer estive, e por isso não me apraz falar sobre elas) e que envolvem alguns dos seus habitantes. Não tenho explicação para o que está a acontecer, mas rejeito qualquer explicação que, em alguma parte, não aceite esta realidade e que não permita enquadrar as dinâmicas geográficas e sociais que geraram a população que habita nesses subúrbios londrinos. Nomeadamente, rejeito qualquer teoria que não inclua estes factos:
Nos últimos vinte anos, o Reino Unido tem assistido a uma desindustrialização dramática, conforme pode ser visto no gráfico abaixo, que contrasta a evolução do peso da indústria no PIB britânico e a de outros países comparáveis.
Esta desindustrialização foi acompanhada por um conjunto de políticas que a favoreceram sistematicamente - os serviços não emergiram espontaneamente na economia britânica, como uma vantagem comparativa à Ricardo. Em particular, destacaria dessas políticas a política monetária. O gráfico abaixo mostra a evolução das taxas de juro de refinanciamento do Banco de Inglaterra, comparando com as do Banco Central Europeu, e mostra como sistematicamente se praticavam juros significativamente mais elevados - até à crise financeira.
Em paralelo com juros mais elevados, e tal como seria de esperar, a libra durante os anos prévios à crise esteve significativamente sobre-avaliada. O gráfico abaixo contrasta, para um horizonte temporal mais curto (o google finance não mostra para trás de 2004), o valor da libra nos tais anos de juros elevados com aquilo que a libra vale desde 2008, ano em que se descobriu que afinal o sector financeiro era mais gato que lebre.
A economia, cada vez mais centrada na City (o bairro financeiro de Londres), corria bem até 2007, e os bónus no sector financeiro multiplicavam-se - em 2005, por exemplo, cerca de 3000 bancários da City receberam bónus de pelo menos 1 milhão de libras. Nada disto é errado, dizem, porque, afinal, a economia deve permitir premiar os melhores. E os melhores, que recebiam muito dinheiro, compraram casas - as casas melhores. As casas WC, salvo seja, de Chelsea, Knigthsbridge, Kensington, multiplicaram alguns dígitos em valor em poucos anos. O gráfico abaixo mostra a evolução do preço médio das casas em Londres nos últimos anos. O valor médio passou de cerca de 150 mil libras em 2000 para 300 mil em 2008 - dá para ter uma ideia sobre o que aconteceu às casas dos bairros mais caros. Relembro, entretanto, o gráfico que mostrava a evolução do rendimento por classe: temos portanto uma duplicação no valor das casas, e uma redução em 12% no rendimento dos 10% mais pobres. É fácil perceber para onde foram arrastados estes infelizes que, por não serem suficientemente bons.
Poder-se-ia também falar da política de imigração perseguida pelo governo Labour e, agora, continuada pelo governo conservador, e o modo como esta política condiciona os ordenados mais baixos. Também se podia falar da desregulação que permitiu que o sector financeiro crescesse deste modo e pagasse os bónus que pagava - mas já se falou o suficiente disso.
E repito, finalmente, mas apenas para que surja neste post uma referência específica a um subúrbio londrino: a geografia importa, e um roubo na City faz muito menos barulho do que um roubo no Morissons de Peckham.
Monday, 8 August 2011
Wednesday, 3 August 2011
Usura
Tuesday, 2 August 2011
Imposto
Saturday, 30 July 2011
Limão
Sunday, 24 July 2011
A economia anorética
Tuesday, 19 July 2011
Política
Monday, 18 July 2011
Saturday, 16 July 2011
Queda de um Anjo
Thursday, 14 July 2011
Tuesday, 12 July 2011
Friday, 8 July 2011
Continuo sem entender
Thursday, 7 July 2011
Dificuldade conceptual
Desemprego e Dumping
Saturday, 2 July 2011
Impostos e outras touradas
Da ideologia
Friday, 24 June 2011
Thursday, 23 June 2011
Cocaína
Wednesday, 22 June 2011
O real problema
Mas se a medida é genuinamente do lado da procura, porque é que ela não é feita através da política monetária, ou seja, porque é que o Banco Central Europeu não imprime mais dinheiro, em vez de andar a anunciar que pretende subir a taxa de juro de refinanciamento, em face à sua preocupação com os níveis dos preços registados na zona euro (leia-se, Alemanha)? Afinal, iria beneficiar todos os países, incluindo, e especialmente, os países periféricos.
Esta medida não é do lado da procura, é antes um complemento lógico a uma estratégia centrada na oferta e que tem gerado tão bons frutos. A Alemanha, desde a criação no euro, e com o apoio explícito dos sindicatos, tem sistematicamente restringido as subidas nos salários dos seus trabalhadores, mesmo em face a ganhos importantes de produtividade. O gráfico abaixo mostra a evolução, por um lado, dos custos unitários do trabalho, e, por outro, da produtividade (medida em PIB per capita). Ambas as variáveis assumem valores nominais, com base (100) em 2001.
Como é visível, os salários (linha azul) não têm acompanhado os ganhos de produtividade (linha vermelha). Esta é a principal explicação para os excedentes na balança comercial registados pela Alemanha, que têm, como identidade contabilística, espelho em parte dos défices crónicos e na subsequente dívida dos países periféricos da zona do euro. O sucesso comercial da Alemanha foi conseguido em boa parte com base no sacrifício dos trabalhadores alemães, cuja contribuição para o aumento da produção nacional não foi devidamente compensada. Este sacrifício, que foi aceite, está a ser finalmente compensado através de uma redução nos impostos pagos pela classe baixa e média. A estratégia é assim simples: Primeiro cria-se uma união monetária, impedindo os países que comercializam com a Alemanha de desvalorizar as suas moedas, o que tornaria os produtos alemães relativamente mais caro e, portanto, menos apetecíveis. Depois reduzem-se os custos de produção na Alemanha, numa estratégia alinhada com os sindicatos, severamente restringindo a capacidade competitiva dos países com os quais concorre. Depois devolve-se o dinheiro aos trabalhadores, que apoiaram esta opção. A estratégia pode ser inteligente, mas foi longe demais, e a Alemanha poderá ser vítima do seu próprio sucesso, caso o euro colapse e a dívida (que, repita-se, é o outro lado do espelho dos défices comerciais, pelo que as duas realidades são absolutamente indissociáveis) não seja paga na sua totalidade.
Para efeito comparativo, veja-se no gráfico abaixo como os salários em Portugal têm crescido ao nível da produtividade.
Tuesday, 21 June 2011
As férias do Montesquieu
Ninguém parece ter-se incomodado com isto. Está bem. Afinal, estão os liberais no poder.
Monday, 20 June 2011
O frete
Friday, 17 June 2011
A banda sonora deste novo governo
Aqui.
Tentei o "H", o "I", e o "J"
E até agora não arranjei uma gata
"L", "M", "N", "O"... A cada letra que passa eu me sinto mais só
"P", "Q", "R", S.O.S!
Socorro! Eu já tô na letra "X"!
Meu caderninho de telefones já tá perto do fim e eu tô longe de um final feliz
Tuesday, 14 June 2011
Monday, 13 June 2011
Sistema nacional de saúde
Friday, 10 June 2011
A política dos credores como a negação do liberalismo
Thursday, 9 June 2011
Tal como o comunismo...
Tuesday, 7 June 2011
Islândia
Monday, 6 June 2011
An intervention from Greece, part I
Having been invited to comment on the crisis in Greece I must admit that I am troubled of where to begin from. Perhaps I should start in the middle; how things are now over here. It has been now almost one and a half year since the debt crisis begun and over a year since Greece had to apply for the combined financial aid of the IMF, the ECB and the Eurozone countries.
The first pact signed in May 2010 was called a Memorandum (of Cooperation) and its details were not widely available, not even to the Socialist members of Parliament who voted for it, together with the extreme-right populist LAOS party. But as the EU-IMF loan comes in quarterly installments a combined committee of the three has to approve of the policy measures taken in order for the actual loan installment to be given.
The measures reek of neoliberalism: Increase in VAT and taxes for employees but tax cuts for big business, cuts of 15% in the salaries of the state sector employees and cuts in their pensions, deregulation of the labour market so that people can be fired with less compensation and can work for more hours with much more flexible schedule. More than 100.000 seasonal workers in the public sector did not have their contracts renewed, over a thousand schools were merged with others in rural Greece so that money could be saved, the same will happen for hospitals and universities –which actually have no funds to employ new staff to substitute those going in pension. The interesting thing with deregulation is that it is actually regulation in favour of the capital. I know that I am sounding like an old-fashioned marxist but the deregulation proposed actually imposes through legal measures lower pay for young employees (25% lower), the nullification of contracts between unions and employers and the implementation of “solitary contracts” for each firm and employee, the opening of numerus clausus markets such as the taxi and lorry drivers and pharmacists which will enable big firms to operate instead of the individual entrepreneurs, the loss of university autonomy and be subjection to changes by a committee of “the wise” which will be presided by an IMF counselor.
These measures have not proved adequate, as it was feared when they were first proposed: The growth rate plummeted which led to an increase in the dept ratio to GDP and now Greece is in the midst of recession, 2.35% drop in the GDP in 2009 to be followed by an additional 4.35% in 2010 the year where the IMF/EU-imposed austerity programme begun. At the same time the debt as percentage of the GDP is predicted according to the IMF to rise to 145.2% in 2011 and to 148.8% in 2012 , but according to the European Commission the prediction is for 157.7% and 166.1% respectively. This, combined by the actual loss in government revenue due to the recession and the fall in demand and despite the tax measures continues to give rise to market speculations that Greece will default on its debt, despite the harsh policies followed. Actually the CDS ratings have risen even further making Greece unable of even fathoming a return to the credit markets and undermining the rationale behind the acceptance by the Socialists of the EU-IMF measures, which were supposed to help Greece out of a debt default situation.
Sunday, 5 June 2011
Os dias das eleições
Friday, 3 June 2011
Duas previsões para o próximo governo
O líder da oposição, durante todo esse período, será José Sócrates. Que será o grande vencedor da eleição de Domingo, perdendo-a.
PS - Nem uma nem a outra me deixam contente.
Thursday, 2 June 2011
No Conselho de Ministros, no Parlamento e na Quadratura do Círculo
Wednesday, 1 June 2011
Política
Argumento da diligência
Monday, 30 May 2011
Ideologia
Thursday, 26 May 2011
Tuesday, 24 May 2011
Monday, 23 May 2011
Clarividência
Thursday, 19 May 2011
Os elefantes rosa
Álgebra
Wednesday, 18 May 2011
A economia libidinosa
Saturday, 14 May 2011
Homens práticos
Tuesday, 10 May 2011
Sunday, 8 May 2011
A direita pública
Thursday, 5 May 2011
Do ser e do ter
A segunda foto foi colocada a circular poucos minutos depois da morte de bin Laden, e era falsa, forjada por amadores alguns anos antes, a partir de uma ferramenta popular, o photoshop. Durante algum tempo, e enquanto se acreditava que a foto fora disponibilizada pelo próprio governo americano, ela serviu para alimentar teorias da conspiração - para os espectadores, nós todos, foi a primeira e talvez única vez en que tivemos acção, neste caso reacção, errada, que fez a alguns questionar se bin Laden teria sido realmente morto. Foi.
A terceira foto, a verdadeira fotografia de bin Laden morto, e após dois dias de discussão interna sobre se deveria ser disponibilizada, decidiu-se não o fazer. E não se fez porque a sua disponibilização poderia gerar uma acção violenta por parte da al Qaeda.
Esta história das fotos faz-me lembrar a minha última aula de italiano, onde o nosso professor nos explicou que o passado próximo forma-se utilizando um de dois verbos auxiliares: o verbo essere (ser) ou avere (ter). O verbo essere é apropriado para as situações dinâmicas, em que houve um processo, com princípio, meio e fim, e onde se mudou de estado: o passado do verbo uscire (sair), porque implica uma mudança de estado - entre estar e deixar de estar num sítio qualquer -, é conjugado com o verbo essere (sono uscito). O verbo avere, ao invés, usa-se com momentos isolados no tempo: o verbo dormire (dormir) conjuga-se com o verbo avere (ho dormito).
A morte de bin Laden é um verbo de ter, e não de ser.