Tuesday 16 July 2013

Much ado about very little



Quer-me parecer que, a partir do minuto 14.42, está a chave para perceber os próximos dias - e, ainda mais complicado, o de hoje. Para perceber porque é que o PS vai assinar o acordo. Para perceber que o BE e o PCP parecem estar distraídos quando acusam o PS de incoerência e de desbaratar o que conseguiu obter em dois anos. Para perceber que as eleições antecipadas, para o PS, implicariam ter de falhar com a promessa  do minuto 14.42. E para perceber que o único governo capaz de manter esta promessa até se imolar totalmente é o actual. Não explica nada mais, mas explica isso, e já explica bastante.

Thursday 11 July 2013

Ilusão

Nos últimos dias tive a sorte de encontrar dois grandes posts no facebook e de ter acabado de ler um livro de Coetzee, todos sobre a ilusão.

Rui Zink escreveu, no seu mural, sobre Lady Macbeth:

Lady Macbeth ... sabia que o cheiro do sangue era mais difícil de lavar das mãos do que o cheiro a merda. Mesmo que este fosse real e o outro (o cheiro do sangue) fosse imaginário. Lady Macbeth era sábia: ela sabia, entre outras coisas, que nada é tão real como aquilo que imaginamos.

Perante um sangue imaginário, que só Lady Macbeth cheira, o mundo, insubstancial na sua mudança permanente, acha que ela está louca. O mundo - quem assiste à peça e além - achará, porventura, que incomodar-se com o cheiro a merda degradável seria mais razoável do que incomodar-se com o cheiro da permanência da culpa e da morte.

Hoje Joaquim Cardoso Dias cita Marguerite Duras numa frase a que estarei condenado a regressar, como o casal Macbeth regressará sempre à imagem de uma adaga suspensa sobre eles: 

Há ilusões que se parecem com a luz do dia;
quando acabam, tudo com elas desapareceu.

Ilusões que dão momentaneamente realidade à realidade que perece, todos os dias, como a merda. Ilusões - o amor, a fé, o poema - que não se tornam reais com a realidade, mas que tornam realidade as coisas que achamos, erradamente (diria, ilusoriamente), reais. Toda a beleza se manifesta como luz, e não como objeto iluminado. Quando a ilusão se vai, tudo o que é real desaparece.

Por fim, Coetzee denuncia, no waiting for the barbarians, a história de um império num tempo indefinido que luta contra inimigos imaginários porque dessa luta - da ilusão que vem de uma crença de ameaça permanente - depende a sua própria sobrevivência. O império acaba derrotado pela sua própria lógica, condenando à morte milhares de soldados em buscas inglórias dos bárbaros, que nunca aparecem. Escreve Coetzee:

Empire has created the time of history. Empire has located its existence not in the smooth recurrent spinning time of the cycle of the seasons but in the jagged time of rise and fall, of beginning and end, of catastrophe. Empire dooms itself to live in history and plot against history

Para o bem e para o mal, a ilusão não é cíclica, tem um começo e tem um fim. Ao contrário de tudo o resto, que ora está sob a luz do dia, ora está à sombra. 

Wednesday 10 July 2013

2º resgate

A única razão que me parece plausível é que o presidente não quer Portas com tanto poder, e também não quer Seguro com maioria absoluta em 2014. Se for assim, este é o segundo resgate do presidente ao PSD.

Wednesday 3 July 2013

O que vocês queriam sei eu

Estou o mais longe possível de ter simpatia pelo personagem, mas esta gente toda que anda a chamar irresponsável ao Portas não é a mesma que o chamava cobarde há uns tempos e dizia que ele não clarificava se estava dentro ou fora do governo?

Tuesday 2 July 2013

Da incerteza

O Einstein dizia que não sabia com que armas seria combatida a 3ª guerra mundial, mas que tinha a certeza que a 4ª seria com pedras e paus. Com a política nacional a coisa é inversa: sabemos quem vai ganhar as eleições legislativas deste ano, não sabemos é quem vai ganhar as do próximo. E é assustador pensar nisso.