Ouvi Medina Carreira dizer ao Goucha na tvi 24 que preferia ter uma dona de casa a governar as Finanças do país. Era nisto que Keynes pensava quando dizia que os homens práticos, que pensam que estão isentos de qualquer influência intelectual, são geralmente os escravos de algum economista defunto (se ajudar a perceber, Keynes não acreditava na existência de economistas na acepção moderna do termo, apenas de economistas políticos). A ideia que governar uma casa é o mesmo que governar um país encerra em si mesma uma opção ideológica vincada, e em si mesma uma concepção sobre a natureza do desenvolvimento económico como um processo que acontece naturalmente quando o estado é pequeno, controlado, pouco capaz: uma economia de uma casa asseada e gerida por uma dona de casa através de uma mesada do chefe de família.
Parece-me claro que ele é muito bom homem, e cheio de boa vontade. Simplesmente não é a minha vontade - que pessoalmente também acho boa. Não estou a acusá-lo de escolher a política, estou a acusar a política de escolher toda a gente e de tornar isto tudo muito mais complicado do que o manual do aspirador.