A questão colocou-se a Carlos Salinas em 1994, e ele enganou-se na resposta - acreditava que 15% chegava, mas não chegou - gerando aquele que ficou conhecido com o efeito tequilla. Tudo me leva a crer que, na cabeça dos políticos portugueses, a resposta em quanto devemos desvalorizar o escudo peca por defeito. O escudo continua a existir, simplesmente é mais difícil de vê-lo: ele não está nos preços que estão nas etiquetas nos produtos dos nossos supermercados, está na diferença entre estes preços e os preços na Alemanha. É essa diferença o escudo: e o escudo tem crescido, e crescido, e crescido, e agora é preciso decidir em quanto é que ele cresceu a mais. A diferença é que enquanto que antes a desvalorização do escudo implicava maior produção, agora, para desvalorizar o escudo - para que a diferença entre os preços em Portugal e na Alemanha baixe -, é preciso que a produção caia, ou que os salários e os lucros se reduzam, ou um misto dos dois, o que no fundo é o mesmo e implica uma redução na riqueza nacional: em quanto é que esta riqueza tem de cair para não termos um efeito bagaço?