Não sou fã do Robbin Williams. Nem sequer sou fã do clube dos poetas mortos. A morte dele, no entanto, fez-me ler uma entrevista de há três anos que o Guardian hoje publica novamente. O entrevistador viu tudo menos o mais evidente: que o homem estava deprimido. Tudo isto é bastante triste e irónico. Estamos perante um homem que era tão bem sucedido enquanto ator que já não conseguia representar credivelmente a realidade: o ator era mais importante que o homem, e escondia-o. É, aliás, curioso que hoje haja tantos posts no facebook que dizem "o captain my captain" - os posts alusivos à morte do homem destinam-se à personagem e não ao homem.
Macbeth disse, quando soube da morte da mulher, que life's but a walking shadow, a poor player that struts and frets his hour upon the stage and then is heard no more. Estamos perante um homem e um ator que strutted and fretted his hour upon the stage a tal ponto que, mesmo ainda vivo, he was already heard no more.