Monday, 29 September 2014

Poder sem controlo

Está a passar uma série em que, em cada episódio, um ator americano fala da sua peça preferida de Shakespeare. Que surpresa, que rasgo, a Kim Catrall escolheu António e Cleopatra. Já ia mudar de canal quando vi o Alastair Campbell (o antigo jornalista de tablóides que escrevia os discursos do Blair e que é conhecido por ser um patife) a dizer que o discurso de António (no Júlio César) tem uma má reputação que não merece. O problema, diz ele, é que as pessoas vêem a manipulação como uma coisa má, mas realmente o que o político está a fazer é uma perfomance, e o público é parte dessa perfomance. São tão atores como o político. Não deixa de ser uma ideia extraordinária e intrigante. Político e público são atores e tomam os seus lugares numa perfomance em que todos têm poder e que nenhum controla. Poder sem controlo podia ser um bom título para o António e Cleopatra. E para os desenvolvimentos recentes na política portuguesa. Vamos ver.