Os monumentos da civilização são também os monumentos da barbárie. Lembrei-me de Benjamin quando encontrei esta porta pequena e despojada que dá acesso à cave do palácio de sintra. Os monumentos da civilização são também os monumentos da barbárie, e a porta pequena da criadagem, simultaneamente necessária e excedente, foi construída por outros trabalhadores de base - os construtores do palácio construiram também os meios de inferiorização da sua própria classe. Não foi D. João I que fez o palácio e aquela porta expõe obscenamente a relação de poder que vive na linguagem típica de turistas.
Todos os monumentos da civilização são os monumentos da barbárie, e isso é verdade para toda a civilização, e para toda a barbárie. A grandiosidade tem, por assim dizer, uma porta pequena e despojada por onde quem os constrói pode entrar e esconder-se lá dentro. A obscenidade está em exibir a porta, não em passá-la. Passá-la é uma necessidade.
Todos os monumentos da civilização são os monumentos da barbárie, e isso é verdade para toda a civilização, e para toda a barbárie. A grandiosidade tem, por assim dizer, uma porta pequena e despojada por onde quem os constrói pode entrar e esconder-se lá dentro. A obscenidade está em exibir a porta, não em passá-la. Passá-la é uma necessidade.