Fui à Almedina à procura da Utopia - não há, não há em lado nenhum, parece que só na Gulbenkian - e perguntei como estava a correr a venda do livro do Sócrates. O livreiro respondeu que dependia do ponto de vista. Depois é que me lembrei o quão antagónica é a imagem que as pessoas têm de Sócrates. Não podia ter respondido outra coisa: depende do ponto de vista! Voltámos, em boa medida, ao tempo da anedota do barbeiro que, de lâmina afiada, pergunta ao freguês o partido político, e ele responde: o mesmo que o seu. O mesmo que o seu, ou o fim da Utopia nas falidas livrarias portuguesas.