Uma entrevista brejeira, variando entre o mau gosto, a falsa intimidade e um realismo político assustador; a primeira entrevista política em muitos anos que li de um trago, com recortes absolutamente certeiros e maior política em cada "merda" dito do que em cada palavra deste orçamento de estado. E isto é muito, muito importante, para a história das leituras que eram feitas em 2011 sobre a natureza da atual crise: "... decidiu-se que Portugal não ia pedir ajuda. Houve uma intervenção manhosa do primeiro-ministro da Holanda e eu, muito irritado, até lhe pedi que dissesse quanto é que Portugal lhe devia, porque não estava para ficar-lhe a dever um tostão nem aturar-lhe o calvinismo reles."
A ser lido pela direita patrioteira de cócaras perante a Europa. A mesma direita que, em 2011, deslumbrava-se com a vinda do FMI e que, para hoje esconder o seu fracasso, prefere declarar guerra ao seu próprio povo. A direita que prefere manter a farsa da alegada culpa desse mesmo povo a admitir a sua imensa ignorância sobre a natureza desta crise.