Tuesday, 20 August 2013

if she, my liege, can make me know this clearly, I'll love her dearly, ever ever dearly

Era uma vez uma Helena que foi criada por um autor tão grandioso como Homero, mas para figurar numa peça de tão pouca importância que o Harold Bloom, por omissão, considerou-a uma de entre duas ou três que não são obras primas mundiais. Ninguém sabe se a Helena de Shakespeare era bonita como a de Tróia. Sabemos que era médica, e que salvou o poderoso rei de França de uma morte certa. Também sabemos que era casada com um rapaz fogoso e sonhador, e que o casamento tinha praticamente tudo para não dar certo. A certa altura, o rapaz alista-se para combater numa guerra estrangeira, de que desconhecia as causas, só para se ver livre dela. Apaixonada, ela envia-lhe uma carta pedindo que volte, mas Bertrand responde que só será dela se Helena lhe der um filho e se lhe puder exibir um anel de família, que o rapaz guardava consigo. Dado que estava numa guerra, era difícil que a prerrogativa se concretizasse. Helena disfarça-se e entra no cenário de guerra, combina e troca com uma rapariguita por quem Bertrand entretanto se apaixonara e queria desflorar, e acaba por recebê-lo na cama, às escuras, onde o rapaz lhe faz uma jura de amor, selada com o anel, e engravida-a. 

Já estou farto de falar de como, para Chesterton, a verdadeira descoberta é a do explorador inglês que sai de Portsmouth e, apanhado no mau tempo, acha que chegou às Índias mas está apenas de volta a Inglaterra. É cada vez mais preciso fechar os olhos.