Sunday, 22 September 2013

Do tempo

- Escolhe uma semente, vá; - Esta!; - Mas olha que essa só nasce daqui a um ano, filha; - Um ano?; - Sim; - Um ano é muito, mãe? 

Ouvido, hoje, na secção jardim do AKI. As crianças podem ser impacientes, mas só um adulto pode ter pressa. 

 - Quando ficar sóbrio mato-me. E é por isso que eu não paro de beber. Não tenho coragem de ficar sóbrio. 

Ouvido, ontem, num anexo à sala principal do teatro de Almada, numa peça menos conhecida do Strindberg, o Pelicano. Só um bêbedo pode realmente ter medo da sobriedade, porque é o único que está distanciado o suficiente para a conhecer.

Friday, 13 September 2013

Amor sem esperança

O amor sem esperança não tem um fim, li hoje e quem o escreveu, há oitenta anos, foi Sandor Marai. O amor recém-nascido de Picasso pela Dora Maar, em 36, três anos depois do Marai ter escrito aquilo, agora que penso nisso, estava, pois, e na formulação de Marai, repleto de esperança, a explodir de esperança, conforme pode ser visto na coisinha mais fantástica que pude ver nestas férias, em Málaga - que Picasso deixou aos 19 anos para nunca mais voltar: